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O Impulso Micaélico no Movimento da Pedagogia Curativa

O texto a seguir foi escrito na Época de Micael de 2007 por Mônika Lustosa Polati, Pedagoga Curativa, fundadora e coordenadora do Solar Ita Wegman. Naquele ano, com esta inspiração, se iniciava o trabalho que deu origem à associação Solar Ita Wegman:

Já quase esquecida na cultura atual, a comemoração ou festa de São Micael, em 29 de setembro, faz parte fundamental das celebrações cristãs anuais, que nos trazem as inspirações necessárias para a condução de nossas vidas.

Conta a lenda que certa vez os anjos estavam reunidos em torno de Deus quando o anjo Lúcifer (conhecido como “o portador da luz”) desejou ocupar o trono sagrado. Neste instante uma mancha maculou seu manto, na altura do coração e Micael (chamado “o semblante de Cristo”), percebeu quando Lúcifer tentou encobrir a mancha com sua asa. Micael pediu em vão que Lúcifer se desculpasse. Contou, então, a Deus o ocorrido e Este deu nova chance a Lúcifer de se redimir, possibilitando que a mancha escura desaparecesse, mas Lúcifer não acatou.

Diante da atitude de Lúcifer, Deus incumbiu Micael da tarefa de restabelecer a harmonia no céu, expulsando Lúcifer e os anjos que com ele estivessem. E assim foi feito. Não encontrando outro abrigo, Lúcifer e os seus instalaram-se na alma do homem.

A partir deste momento, Micael passou a auxiliar o ser humano na constante luta contra as forças adversas. Desde a antiguidade são retratadas cenas de Micael dominando as forças malignas. Ele não as destrói, mas as mantém controladas sob o ferro de sua espada.

Micael está sempre pronto para ajudar, porém não interfere na liberdade humana, ele auxilia quando é chamado pelo homem. Também, sua ajuda não vem quando há somente um apelo meditativo, mas, sim, frente à verdadeira ação humana espiritualizada.

A cada 300 anos, aproximadamente, um arcanjo se torna responsável pela condução dos seres humanos. As características da humanidade, em cada época, estão relacionadas também às de seu arcanjo regente. Desde 1879, Micael está novamente conduzindo a evolução humana. A força solar micaélica inspira coragem e amor consciente.

Diante deste pano de fundo, é que trazemos à consciência o trabalho da Pedagogia Curativa* antroposófica, que se ocupa do cuidado e educação das crianças que apresentam maiores dificuldades físicas e psíquicas.

Como proposta pedagógico-terapêutica, foi concebida por Rudolf Steiner no início do século XX e entregue a Dra. Ita Wegman, médica antroposófica que havia lançado a Rudolf Steiner a pergunta sobre como reespiritualizar a medicina. Além da utilização dos princípios terapêuticos estabelecidos pela Medicina Antroposófica, a Pedagogia Curativa traz, também, em si, os fundamentos da Pedagogia Waldorf.

Rudolf Steiner percebia em Ita Wegman a existência ativa da coragem do curador e confiou a ela, em 24 de dezembro de 1923, a direção da Seção Médica Antroposófica, a qual envolvia o movimento da Pedagogia Curativa. Ambos trabalharam juntos, até os últimos dias da vida de Rudolf Steiner e redigiram o livro “Elementos Fundamentais para uma ampliação da Arte de Curar”.

Mesmo após a morte de Rudolf Steiner, Ita Wegman continuou dedicando sua vida a Antroposofia, à Medicina e especialmente à Pedagogia Curativa. O movimento da Pedagogia Curativa exigia toda a sua coragem, principalmente por estar florescendo na época do nacional-socialismo, onde crianças portadoras de necessidades especiais passavam por processos de esterilização e não tinham sequer direito à existência. Este contexto nos mostra a clara ligação de Ita Wegman com as forças micaélicas em sua busca pelo estabelecimento da Pedagogia Curativa, em contraposição às ações “bioéticas” da época.

Peter Selg, curador do arquivo Ita Wegman, conta-nos em seu livro “Eu Sou a Favor de Progredir” que a Pedagogia Curativa representou, para Ita Wegman, “o centro social, o coração de sua Seção Médica”; podemos ainda, por suas palavras a respeito da concepção de Ita Wegman sobre seu ideal médico antroposófico, compreender a essência da própria Pedagogia Curativa:

Ajudar as crianças que precisam se conciliar no seu caminho de encarnação com as maiores e mais pesadas dificuldades; realizar essa ajuda a partir de uma compreensão espiritual do ser humano, de uma visão real da encarnação de cada caso no contexto global do seu destino; fazer isso tudo num grupo de pessoas, em conjunto e com uma disposição crístico-religiosa – essa era essencialmente a Medicina Antroposófica, de acordo com Ita Wegman”.

A médica Ita Wegman dedicou-se à formação, incentivo e atendimento às iniciativas de Pedagogia Curativa, sua intenção era criar um movimento mundial constituído por pessoas que estivessem integradas a partir da vontade e de um sentimento de pertencimento recíproco. Ela manteve- se espiritualmente ligada a Rudolf Steiner, mesmo após sua morte e ambos tiveram sempre seu trabalho vinculado a inteção de Micael para nossa época.

O direcionamento de Micael é cosmopolita e sua intenção se vincula a ações altruístas. Ele é o espírito que traz a maior consciência do EU e é com consciência que a humanidade deverá agir no futuro. A luz, sob forma de pensar intelectual dada ao homem (Lúcifer), que conduz ao cientificismo desumano deve ser novamente fecundada de amor. Reconduzir a inteligência ao amor esta é a principal tarefa de Micael.

Para inspirar-nos nesta época de Micael transcrevo o seguinte verso de Rudolf Steiner:

“Triunfante espírito

inflama a impotência das almas hesitantes, queima o egoísmo,

acende a compaixão, para que o altruísmo,

– corrente vital da humanidade – jorre como fonte

do renascer espiritual.”

 Rudolf Steiner (época de Micael de 1919)

*A Pedagogia Curativa está vinculada a Terapia Social, pois ambas estão ancoradas nos mesmos fundamentos. No entanto, a primeira direciona-se ao trabalho com crianças e a segunda ao trabalho com jovens e adultos.

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